ESTUDO BÍBLICO SEMANAL – As 95 Teses de Lutero – 18 de fevereiro de 2017

AS 95 TESES DE LUTERO – 18FEV17.

95 Teses do Pe. Martinho Lutero

A Reforma

O descontentamento era geral com a corrupção da igreja e do clero.

Os fiéis inquietavam-se com as crueldades da inquisição.

As autoridades civis estavam esgotadas com a ingerência do Papa nos negócios do governo.

A Europa Ocidental era escravizada pelo sistema eclesiástico. Mas “ao troar da trombeta de Lutero, a Alemanha, a Inglaterra, a Escócia e outros países ergueram-se de súbito, como gigantes despertos do sono”.

I – O GOLPE DECISIVO

Martinho Lutero – 1483/1546 – monge agostiniano, professor da Universidade de Wittenberg, era um homem sensível e religioso. É considerado, depois de Jesus e Paulo, o maior homem de todos os tempos. Levou o mundo a romper com a instituição, em busca da liberdade. Certo dia, em 1508, ao ler Romanos 1:17, foi iluminado de súbito pelo Espírito Santo e a paz lhe inundou a alma. Viu, por fim, que a salvação ganha-se pela confiança em Deus, mediante Jesus Cristo, e não pelos ritos, sacramentos e penitências da igreja. Isso mudou totalmente a sua vida e todo o curso da história.

A venda de indulgências se alastrava. Lutero não se conteve. Em 31 de Outubro de 1517, afixou na porta principal da Igreja de Wittenberg, teses contra os abusos e práticas da Igreja. Susteve dura luta com o clero, onde este e o Estado tentaram em vão silenciá-lo. Ficou cerca de um ano no castelo de Wartburg( propriedade de Frederico Saxe) escondido da perseguição que o Papa lhe movia. Ali traduziu a Bíblia para o alemão e escreveu muitas obras.

Não desejava fundar outra igreja. Queria uma reforma no seio da própria igreja. Porém, houve cisão na Igreja, ficando de um lado o Protestantismo e de outro lado o Romanismo.

Lutero foi realmente o homem escolhido por Deus para vibrar o golpe decisivo.

II – OUTROS REFORMADORES

O movimento nascente explodiu em diversos lugares ao mesmo tempo. Na Suíça levantou-se Zwínglio, Calvino e outros; na França, Farel, Lefèvre, o próprio Calvino, Melancton também trabalhou ativamente e foi o criador do sistema de educação protestante.

Assim, a reforma progrediu rapidamente, atingindo os Países Baixos, a Dinamarca, a Suécia, a Noruega, a Inglaterra, a Polônia, a Boêmia, a Áustria e abalou a Espanha e Portugal.

A Igreja Romana queimou muitos crentes. Na Espanha sufocou o movimento a ferro e fogo; nos Países Baixos, o duque de Alba massacrou cem mil vítimas; na França se processa uma carnificina, denominada de “Noite de São Bartolomeu”, tendo perecido entre oitenta e cem mil huguenotes.

Nos países em que a reforma foi aceita, houve uma volta ao puro ensino de Cristo e o progresso desses países é atestado do poder maravilhoso do evangelho.

III – OS PRINCÍPIOS DA REFORMA

1) FORMAL ou OBJETIVO – ou seja a supremacia da Palavra de Deus, considerando-a como única e suficiente regra de fé e prática. O Grande Chilingworth sintetizou este princípio assim: “A Bíblia, toda a Bíblia e nada senão a Bíblia é a religião dos Protestantes”.

2) MATERIAL ou SUBJETIVO – ou seja a supremacia da graça de Cristo. Isto é, a justificação pela fé somente. Quem salva o homem é Cristo. As boas obras são conseqüência lógica da união com Cristo pela fé.

3) SOCIAL ou ECLESIÁSTICO – ou seja o sacerdócio de todos os crentes. Afirma assim que os crentes leigos tem o direito e o dever de ter e ler a Bíblia e participar no governo da Igreja; pode dirigir-se a Deus diretamente. Cristo com o seu sacrifício deu acesso a Deus.

IV – A PALAVRA PROTESTANTE

Esta expressão teve origem na “Declaração de Fé” que alguns membros da Dieta de Spira, a segunda, ( 1529 ) fizeram. Esta Assembléia foi presidida pelo rei Fernando, ardoroso defensor do papismo. Este secretamente discutiu um decreto para sufocar certas regalias que gozavam as igrejas reformadas. Antes da votação, alguns membros retiraram-se do plenário para uma sala contígua e formularam uma declaração que iniciava-se assim: “Nós protestamos e declaramos abertamente diante de Deus e de todos os homens …” Então estes receberam o apelido de protestantes.

Vejamos os dois sentidos da palavra:

1) NEGATIVO – “nós protestamos contra essas declarações”.

2) POSITIVO – “nós lhe protestamos nossa estima e solidariedade”.

Foi no sentido positivo o célebre protesto de 19/04/1529

Conclusão: É um erro lamentável pensar-se que o Protesto de Spira foram meras objeções às doutrinas da igreja. Era uma declaração segundo a qual eles se propunham não aceitar nenhum decreto ou nenhuma cousa que fosse contrária a Deus, a Sua Santa Palavra, a reta consciência deles e a salvação de suas almas.

LUTERO

1493 – Nascimento de Martinho Lutero em Eisleben, na Saxônia ( Alemanha ).

1497 – Lutero estuda em Magdeburgo, junto aos monges Irmãos da vida comum.

1501 – A Universidade de Erfurt dá a Lutero o título de bacharel em artes.

1505 – O temor do sobrenatural arranca do jovem estudante a promessa de se fazer monge: Lutero ingressa no convento de Erfurt.

1507 – Primeira missa de Lutero, que é tomada pelo sentimento de sua própria indignidade. O desespero é vencido, entretanto, pela dedicação ao estudo e ao ensino. 1512 – O monge Martinho Lutero torna-se doutor em teologia.

1514 – O papa Leão X concede a indulgência pela a todo fiel que havendo confessado e comungado, contribuía para a construção da Basílica de São Pedro.

1515 – O Príncipe Alberto de Brandeburgo torna-se comissário das indulgências. É encarregado de levantar dinheiro junto aos cristão alemães.

1517 – Lutero envia às autoridades eclesiásticas suas 95 teses sobre o valor e a eficácia das indulgências. É o primeiro passo da reforma protestante. 1518 – As teses espalham-se por toda a Alemanha. Lutero ganha adeptos a cada dia. Chamado a Roma, recorre a Frederico, eleitor da Saxônia, desejando ser ouvido em território do Império.

1520 – A Bula “Exsurge Domine” dá ao monge rebelde sessenta dias para retratar-se. Em resposta, Lutero publica uma série de obras. Finalmente, em Wittenberg, queima um exemplar da bula papal. É a separação definitiva do monge Alemão.

1521 – Excomunhão de Martinho Lutero, que, na Dieta de Worms, defende a liberdade de consciência diante do imperador e dos representantes da Igreja. O Edito de Worms ordena que seus livros “heréticos” sejam queimados. Lutero se refugia no castelo de Wartburg.

1522 – A pequena nobreza revolta-se contra o Império, sob a liderança de Von Hutten e de Von Sickingen. Pretendem unificar a Alemanha, mas são derrotados.

1524 – Revolta dos camponeses, inspirados pelo ardente teólogo Thomas Muntzer. O movimento ganha toda a Alemanha meridional e central.

1525 – Captura de Muntzer. A luta continua até 1536, quando os camponeses são vencidos definitivamente. Lutero publica “Contra os Bandos de Pilhadores e Assassinos Camponeses”. Casa-se com Catarina Von Bora, uma ex-freira.

1526 – A cidade de Spira recusa-se a aplicar o Edito de Worms. Outras cidades a imitariam. Uma tentativa de forçar a aplicação do edito provocou o protesto dos príncipes e burgueses partidários da reforma ( daí vem a denominação de protestantes, dada aos seguidores de Lutero ).

1529 – Tem início a compilação dos “Propósitos à Mesa”, reunião de conceitos de Lutero acerca dos mais variados assuntos.

1530 – A reforma espalha-se pela Europa. Diversas cidades recusam-se a aplicar o Edito de Worms.

1534 – Publicação da Bíblia, traduzida para o alemão, por Lutero. Com essa obra, Lutero se transformara radicalmente o idioma de seu povo, lançando as bases do alemão moderno.

1540 – O Papa Paulo III aprova a constituição da Sociedade de Jesus, findada pelo espanhol Inácio de Loiola, que colaborou decisivamente na contra-reforma.

1546 – Morte de Lutero, em Eisleben.

31 de Outubro de 1517

Movido pelo amor e pelo empenho em prol do esclarecimento da verdade discutir-se-á em Wittemberg, sob a presidência do Ver. Padre Martinho Lutero, o que segue. Aqueles que não puderem estar presentes para tratarem do assunto verbalmente conosco, o poderão fazer por escrito. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém !.

  1. Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: “Arrependei-vos” etc., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.
  2. E esta expressão não pode e não deve ser interpretada como referindo-se ao sacramento da penitência, isto é, à confissão e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes. 3. Todavia não quer que apenas se entenda o arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento quando não produz toda sorte de mortificações da carne.
  3. Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna.
  4. O papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvirre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais.
  5. O papa não pode perdoar dívida senão declarar e confirmar aquilo que já foi perdoado por Deus; ou então faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em absoluto anulada ou perdoada. 7. Deus a ninguém perdoa a dívida sem ao mesmo tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.
  6. Canones poenitendiales, que são as ordenanças de prescrição da maneira em que se deve confessar e expiar, apenas são impostas aos vivos, e, de acordo com as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.
  7. Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o papa, excluindo este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e da necessidade suprema. 10. Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que reservam e impõem os moribundos poenitentias canonicas ou penitências para o purgatório afim de ali serem cumpridas.
  8. Este joio, que é o de se transformar a penitência e satisfação, previstas pelas cânones ou estatutos, em penitência ou apenas do purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.
  9. Outrora canonicae poenae, ou sejam penitência e satisfação por pecados cometidos eram impostos, não depois, mas antes da absolvição, com a finalidades de provar a sinceridade do arrependimento e do pesar.
  10. Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com justiça de sua imposição.
  11. Piedade ou amor imperfeitos da parte daquele que se acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto menor o amor, tanto maior o temor.
  12. Este temor e espanto em si tão só, sem falar de outras cousas, bastam para causar o tormento e horror do purgatório, pois que se avizinham da angústia do desespero. 16. Inferno, purgatório e céu parecem ser tão diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase desespero e certeza.
  13. Parece que assim como no purgatório diminuem a angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.
  14. Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas razões e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram fora da possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.
  15. Ainda não parece ter sido provado que todas as almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não obstante nós teremos absoluta certeza disto.
  16. Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas apenas as penas por ele impostas.
  17. Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa. 22. Com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.
  18. Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.
  19. Assim sendo, a minoria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas. 25. Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d’almas tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.
  20. O papa faz muito bem em não conceder o perdão em virtude do poder das chaves ( ao qual não possue ), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.
  21. Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.
  22. Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro, cresce e aumenta; a ajuda porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.
  23. E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que suceder com Santo Severino e Pascoal.
  24. Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muitos menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.
  25. Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d’almas tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.
  26. O papa faz muito bem em não conceder o perdão em virtude do poder das chaves ( ao qual não possue ), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.
  27. Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.
  28. Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro, cresce e aumenta; a ajuda porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.
  29. E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que suceder com Santo Severino e Pascoal.
  30. Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muitos menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.
  31. Tão raro como existe alguém que possui arrependimento e pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.
  32. Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgência.
  33.  Há que acautelar-se muito e ter cuidado daqueles que dizem: A indulgência do papa é a mais sublime e mais preciosa graça ou dádiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.
  34. Tanto assim, que a graça da indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.
  35. Ensinam de maneira ímpia quantos alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de confissão não necessitam de arrependimento e pesar.
  36. Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.
  37. Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.
  38. Entretanto se não deve desprezar o perdão e a distribuição por parte do papa. Pois, conforme declarei, o seu perdão constitui uma declaração do perdão divino.
  39. É extremamente difícil, mesmo para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.
  40. O verdadeiro arrependimento e pesar buscam e amam o castigo; mas a profusão da indulgência livra das penas e faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.
  41. É necessário pregar cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor do que elas.
  42. Deve-se ensinar aos cristão, não ter pensamento e opinião do papa que a aquisição de indulgência de alguma maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.
  43. Deve-se ensinar aos cristãos proceder melhor quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que compram indulgências.
  44. É que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências porém, não se torna melhor senão mais segura e livre da pena.
  45. Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro com indulgências, não adquire indulgências do papa, mas provoca a ira de Deus.
  46. Deve-se ensinar aos cristão que, se não tiverem fartura, fiquem com o necessário para a casa e de maneira nenhuma o esbanjem com indulgências.
  47. Deve-se ensinar aos cristãos, ser a compra de indulgências livre e não ordenada.
  48. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração fervorosa de que de dinheiro.
  49. Deve-se ensinar aos cristãos, serem muito boas indulgências do papa enquanto o homem não confiar nelas; mas muito prejudiciais quando, em conseqüências delas, se perde o temor de Deus.
  50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
  51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa, por dever seus, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgência, vendendo, se necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.
  52. Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.
  53. São inimigos de Cristo e do papa quantos por causa da prédica de indulgências proíbem a Palavra de Deus nas demais igrejas.
  54. Esperar ser salvo mediante breves de indulgências é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências, mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.
  55. A intenção do papa não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é essencial, importa ser anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.
  56. Os tesouros da Igreja, dos quais o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionadas e nem suficientemente conhecidos na Igreja de Cristo.
  57. Que não são bens temporais, é evidente, porquanto muitos pregadores a este não distribuem com facilidade, antes os ajuntam.
  58. Tão pouco são os merecimentos de Cristo e dos santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o homem exterior.
  59. São Lourenço aos pobres chamava tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.
  60. Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que este tesouros são as chaves da Igreja, a ela dado pelo merecimento de Cristo.
  61. Evidente é que para o perdão de penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só basta.
  62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
  63. Este tesouro, porém, é muito desprezado e odiado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.
  64. Enquanto isso o tesouro das indulgências é sabidamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.
  65. Por essa razão os tesouros evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.
  66. Os tesouros das indulgências, porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.
  67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores com ao mais sublimes graça decerto assim são considerados porque lhes trazem grandes proventos.
  68. Nem por isso semelhante indulgência não deixa de ser a mais íntima graça comparada com a graça de Deus e a piedade da cruz.
  69. Os bispos e sacerdotes são obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência.
  70. Entretanto têm muito maior dever de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.
  71. Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências, seja abençoado.
  72. Quem se levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.
  73. Da mesma maneira em que o papa usa de justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de indulgências procedem astuciosamente.
  74. Muito mais deseja atingir com o desfavor e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa caridade e a verdade pela sua maneira de agir.
  75. Considerar as indulgências do papa tão poderosa, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que ( cousa impossível ) tivesse desonrado a mãe de Deus, significa ser demente.
  76. Bem ao contrário, afirmamos que a indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular no que diz respeito à culpa que constitui.
  77. Dizer que mesmo São Pedro, se agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar São Pedro e o papa.
  78. Em contrário, dizemos que o atual papa, e todos os que o sucederem, é detentor de muito maior indulgência, isto é, o Evangelho, as virtudes, o dom de curar, etc. , de acordo com o que diz I Corintios 12.
  79. Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.
  80. Os bispos, padres e teólogos que consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste procedimento.
  81. Semelhante pregação, a enaltecer atrevida e insolentemente a indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes objeções dos leigos.
  82. Eis um exemplo: Por que o papa não tira duma vez todas as almas do purgatório, movido por santíssima caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssimo motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para construção da catedral de São Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante insignificante?
  83. Outrossim: Por que continuam as exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de novo os benefícios ou prebendas oferecidos em favor dos mortos, visto ser injusto continuar a rezar pelos já resgatados?
  84. Ainda: Que nova piedade de Deus e do papa é esta, que permite a um ímpio e inimigo resgatar uma alma piedosa e agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?
  85. Ainda: Por que os cânones de penitência, que de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgências como se continuassem bem vivos e em vigor ?
  86. Ainda: Por que o papa, cuja fortuna hoje é a mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere edificar a catedral de São Pedro de seu próprio bolso em vez de o fazer com o dinheiro de fiéis pobres ?
  87. Ainda: Que ou que parte concede o papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa assiste direito à indulgência plenária?
  88. Afinal:Que maior bem poderia receber a Igreja, se o papa, como já o fez cem vezes ao dia, concedesse a cada fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.
  89. Visto o papa visar mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes?
  90. Refutar estes argumentos sagazes dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa entregar a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.
  91. Se a indulgência fosse apregoada segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente desfeitos, nem mesmo teriam surgido.
  92. Fora, pois, com todos estes profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há paz.
  93. Abençoados seja, porém, todos os profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há cruz.
  94. Admoestem-se os cristãos a que se empenham em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.
  95. E assim esperem mais entrar no reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas.

    Que Deus nos abençoe e nos proteja!

Pr. Davidson Freitas

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